O conhecimento de si mesmo é a mãe de todo conhecimento.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Violência: Não aceito, não aceito e NÃO A-CEI-TO.

Bom, eu não vou conseguir me concentrar pra fazer o que eu tenho que fazer (trabs da facul) antes de falar tudo o que eu tenho pra falar. Botar pra fora essa angústia, esse aperto no peito.

Eu tô triste velho, sério. Tenho aqui mais um relato de um fato que, por ser comum, jamais será aceitável ou normal pra mim.

Ontem por volta de 00h, eu já deitada quase dormindo e, ao mesmo tempo, meu pai chegando, estacionando o carro em frente a minha janela, escutamos três tiros. 
Com o movimento que logo se estabeleceu, meu pai foi verificar o que havia acontecido há uns 10 metros dali. Encontra o nosso vizinho caído, todo ensanguentado. Um policial civil que estava também, chegando em casa, estacionando e reagiu a um assalto. Em poucos minutos a rua tava lotada, ambulância, corpo de bombeiros e uma gritaria do caralho e eu e meu irmão da janela assistindo a tudo até eu resolver descer pra curiar e descobrir tudo isso.

Eram 3 caras e um dos três se enfiou no meio do povo tentando se passar de expectador, mas logo foi reconhecido e, a gritaria que escutamos era dos vizinhos querendo linchá-lo.
Os outros  foram vistos subindo a rua. Por volta de 1h30, tivemos notícias de que o policial baleado estava passando bem no hospital e os outros dois caras haviam sido pegos em Santa Maria, um baleado da troca de tiros que houve com o policial. A melhor parte é que, pelo menos um deles, o que foi pego primeiro, foi para a delegacia aqui do bandeirante encontrar com os amigos da vítima. Acredite, ele deve ter se arrependido.

O que me deixou arrepiada todo o tempo é que meu pai, que também é policial civil, AO LADO estava também estacionando  o carro, também armado e poderia, também, ter reagido.

Daí depois de tudo, em casa, acabei comentando com meu irmão a respeito daquele meu plano de reagir a um assalto, e o infeliz foi contar pro meu pai. Resultado: Até as 3h escutando charope e argumentando em meu favor.

O que eu já falei aqui no blog e o que eu falei pro meu pai ontem foi: Apesar desses filhos da puta acharem que são donos do mundo e que podem fazer o que querem, eles não são e não podem. Porque se eu tô errada, não faço questão de permanecer nesse inferno.
 Meu irmão e meus amigos andavam pelos mesmos lugares que eu e eram assaltados direto no Guará. Nunca, por sorte, fui assaltada. E no dia que eu for, se for e, SE eu conseguir ter reação (dizem que é bem difícil), SE der tempo de pensar, o plano é não ser submissa. Ou talvez ser mais uma, num país de tantos.. mas só uma vez e acaba pra sempre.

EU NÃO VOU fazer questão de viver até ter meus filhos, até amá-los mais  que a mim mesma e viver apavorada pensando na possibilidade de chegar um ser desses e ... sem palavras pra descrever tal desgraça.
Daí meu pai contra-argumentou: Tem muita coisa horrível nesse mundo. Mas tem muita coisa maravilhosa, ainda existe muita beleza.. e você tem que ser corajosa e otimista, tem que "arriscar" pra ser feliz.
- Mas querido papai, se colocarmos as mais belas e as mais terríveis coisas desse mundo em uma balança, pode crer que as terríveis pesam muito mais. O sofrimento é muito maior que o prazer das alegrias.



Então é possível que eu morra pela violência em protesto contra ela, porque jamais a aceitarei facilmente.

Será que eu nasci pra ser policial?? É. Vai ser o maior prazer da minha vida. =D
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